Maria Firmina dos Reis

Maria Firmina dos Reis nasceu na Ilha de São Luís, no Maranhão, no dia 11 de março de 1825. Ela era filha de João Pedro Esteves e Leonor Felipe dos Reis. Maria era prima do escritor Francisco Sotero dos Reis, por parte de mãe. Em 1830, sua família se mudou para a vila de São José de Guimarães, no continente. Ela viveu parte de sua vida na casa de uma tia materna que tinha melhores condições financeiras.

Em 1847, Maria Firmina dos Reis foi aprovada para a cadeira de Instrução Primária e começou a trabalhar como professora de primeiras letras, cargo que ocupou até 1881. Ela nunca se casou. Em 1859, publicou o romance “Úrsula”, que é considerado o primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil. Em 1887, publicou o conto "A Escrava" na Revista Maranhense, onde retratou uma mulher que lutava ativamente pela causa abolicionista.

Aos 54 anos e após 34 anos de magistério, Maria Firmina fundou uma aula mista e gratuita em Maçaricó, perto de Guimarães. Ela ensinava crianças que não podiam pagar, utilizando um barracão em uma propriedade de um senhor de engenho. Todos os dias, ela ia a pé para dar aulas, levando consigo alguns alunos. Essa iniciativa foi vista como ousada para a época e se alinha com as lutas das feministas brasileiras do final do século XIX, que buscavam igualdade de ensino para meninas.

Maria Firmina dos Reis também participou da vida cultural do Maranhão, colaborando com a imprensa local e publicando livros. Além de escritora, ela era música e compositora. Como abolicionista, ao ser nomeada para o magistério, sua mãe queria que ela fosse de palanquim, mas ela preferiu ir a pé, afirmando que "negro não é animal para se andar montado nele". Ela chegou a escrever um "Hino da Abolição dos Escravos".

Em 1863, Maria se descreveu como uma pessoa "débil e acanhada", o que a tornava "frágil, tímida e melancólica". Quando tinha cerca de 85 anos, as pessoas que a conheciam a descreveram como pequena, parda, com rosto arredondado, olhos escuros e cabelos grisalhos presos na nuca. Uma antiga aluna a caracterizou como uma professora enérgica, que falava baixo e não aplicava castigos físicos, preferindo aconselhar seus alunos. Ela era reservada, mas acessível, sendo muito querida pelos alunos e pela comunidade.

Maria Firmina dos Reis faleceu, cega e pobre, aos 95 anos, na casa de uma ex-escrava chamada Mariazinha, que era mãe de um de seus filhos de criação. Ela é a única mulher entre os bustos da Praça do Pantheon, que homenageiam importantes escritores maranhenses em São Luís.