Rubem Fonseca

O autor e roteirista brasileiro José Rubem Fonseca nasceu em 11 de maio de 1925, na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Ele se formou em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde passou a viver aos oito anos.

Antes de se dedicar à literatura, Rubem teve uma longa carreira na polícia. Ele começou como comissário no 16º Distrito Policial, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, em 31 de dezembro de 1952. Ele trabalhou nessa função até ser exonerado em 6 de fevereiro de 1958.

Durante sua carreira policial, Rubem trabalhou principalmente em um gabinete, atuando como relações públicas. Ele fez um estágio breve nas ruas. Sendo um dos melhores alunos da Escola de Polícia, destacou-se por sua habilidade em entender a mente humana e a psicologia dos problemas enfrentados pelas pessoas. Essas experiências mais tarde influenciaram sua obra, embora ele ainda não tivesse mostrado interesse pela literatura.

Em julho de 1954, ele e outros nove policiais tiveram a chance de estudar nos Estados Unidos. Ele aproveitou essa oportunidade para estudar Administração e Comunicação nas universidades de Nova York e Boston. Ao retornar ao Brasil, trabalhou na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, onde deu aulas sobre sua área de atuação. Após deixar a polícia, Rubem teve uma breve passagem pela Light, antes de se dedicar completamente à escrita.

Rubem começou sua carreira literária escrevendo contos, que foram reunidos no livro Os Prisioneiros, lançado em 1963. A partir desse momento, sua criatividade não parou mais. Ele publicou A Coleira do Cão, em 1965; Lúcia McCartney, em 1967; O Caso Morel, em 1973; Feliz Ano Novo, em 1975, que foi censurado durante a Ditadura Militar; O Cobrador, em 1979; A Grande Arte, em 1983, que foi adaptado para o cinema por ele mesmo, sob a direção de Walter Salles Jr.; Buffo & Spallanzani, em 1986; Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos, em 1988; Agosto, em 1990, que também foi adaptado para a televisão com grande sucesso; O Selvagem da Ópera, em 1994; O Buraco na Parede, em 1995; Diário de um Fescenino, em 2003; O Romance Morreu, em 2007, entre outros.

Em suas obras, Rubem retrata personagens à margem da sociedade, como assassinos, prostitutas e policiais, em cenários marcados pela violência e por uma intensa carga sexual. Ele utiliza uma linguagem direta, crua e sem rodeios. A mistura de ficção com eventos históricos é uma característica de sua escrita, como no retrato de Getúlio Vargas em Agosto e a vida do compositor Carlos Gomes em O Selvagem da Ópera.

Rubem também escreveu críticas de cinema para a revista Veja, em 1967. Ao longo de sua carreira, recebeu diversas premiações importantes, como o Prêmio Camões, o mais prestigioso da língua portuguesa. Ele também foi reconhecido por seus roteiros para o cinema, ganhando o Coruja de Ouro pelo roteiro de Relatório de um Homem Casado, de Flávio Tambelini; o Kikito de Ouro no Festival de Gramado pelo filme Stelinha, dirigido por Miguel Faria; e o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte pelo roteiro de A Grande Arte.

Ele criou um personagem que se tornou famoso na literatura: o advogado Mandrake, que não tem valores morais e vive cercado de mulheres, transitando pelo underground carioca. Esse personagem foi adaptado para uma série de TV no canal HBO, interpretado pelo ator Marcos Palmeira, com roteiro adaptado por seu filho.

Rubem era viúvo e pai de três filhos: Maria Beatriz, José Alberto e o diretor de cinema José Henrique Fonseca. Ele era uma pessoa reservada e não gostava de se expor na mídia. Era respeitado e admirado por seus amigos, sendo visto como uma pessoa modesta, gentil e bem-humorada. Rubem Fonseca faleceu em 15 de abril de 2020, aos 94 anos, devido a um infarto, durante a pandemia de Covid-19.